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Pesquisa identifica o Atlântico equatorial como área de uso para as pequenas tartarugas-de-couro

25/07/2019 - A tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea) é a maior das espécies de tartarugas marinhas, podendo atingir até dois metros de comprimento ↓

A tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea) é a maior das espécies de tartarugas marinhas, podendo atingir até dois metros de comprimento e também uma das mais ameaçadas. No Brasil, o principal sítio de desova dessa espécie está localizado no litoral norte do Espírito Santo e os animais encontrados por lá fazem parte da subpopulação do Atlântico Sul Ocidental, classificada como criticamente ameaçada pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Os filhotes desta espécie assim que nascem ganham os oceanos e, geralmente, só voltam a ser vistos já jovens, com cerca de 100 centímetros. Por causa da falta de informação sobre as tartarugas marinhas nos primeiros anos de vida, essa fase de desenvolvimento ficou conhecida como “Anos Perdidos”. Mas o que acontece durante esse período? Para onde elas vão? Esses são alguns dos questionamentos que começaram a ser respondidos pelos pesquisadores da Fundação Pro-TAMAR e colaboradores.

A pesquisa mostra que as águas do Atlântico Equatorial, especialmente entre as latitudes 3,5º N e 3,1º S, abrigam pequenas tartarugas-de-couro. As tartaruguinhas utilizam essa região para desenvolvimento e alimentação durante seus primeiros anos de vida.



Ainda de acordo com o levantamento, as tartarugas-de-couro juvenis de até 100 centímetros foram encontradas em águas com temperaturas maiores ou iguais a 25ºC do Atlântico. Uma curiosidade trazida pelo estudo é a prevalência de juvenis menores de 80 centímetros em uma área mais restrita: o Atlântico Equatorial. As áreas de berçário identificadas, bem como as outras informações geradas pela pesquisa, são de particular importância pois, até o momento, praticamente não existiam estudos sobre os juvenis desta espécie.

Os dados desse estudo foram coletados pelos observadores do Programa Nacional de Observadores de Bordo da Frota Pesqueira (PROBORDO) entre os anos de 2001 e 2008. No total, 28 juvenis de tartarugas-de-couro foram capturados acidentalmente durante as pescarias de espinhel pelágico monitoradas pelo programa.  O registro de um indivíduo de 40 centímetros adverte que as tartarugas-de-couro podem estar sujeitas a essa ameaça após o primeiro ano de vida.

Os resultados sugerem que pequenas tartarugas-de-couro encontradas no Atlântico Equatorial possivelmente vieram das praias de desova localizados em países da África Ocidental. Levando em consideração a pouca informação disponível sobre as tartarugas marinhas nas fases iniciais de vida, este estudo contribui para preencher uma lacuna de conhecimento sobre essa fase do ciclo de vida das tartarugas e ajudará a orientar melhor futuras pesquisas e ações de conservação  nessa área.

A pesquisadora Milagros Lopez-Mendilaharsu (Fundação Pro-TAMAR) e colaboradores da Fundação Pró Tamar, Centro TAMAR do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e da Laureate International Universitie, de São Paulo desenvolveram este estudo que foi publicado na revista “Marine Ecology Progress Series”, com o título: At-sea distribution of juvenile leatherback turtles: new insights from bycatch data in the Atlantic Ocean. Para maiores detalhes, acesse: https://doi.org/10.3354/meps12997.

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